domingo, 29 de julho de 2012

Gronelândia, onde o mar é mais azul


Nos últimos dias, fomos literalmente assaltados pelo tremendismo da notícia de que 97% do gelo da Gronelândia tinha derretido em poucos dias.
Eu fiquei todo contente porque como Al Gore ( Uma Verdade Inconveniente), tinha dito que tal eventualidade produziria uma subida de 6 metros no nível do mar, teria a praia aqui mais perto.
Planeei até ir comprar uma toalha nova, uma prancha nova de bodyboard, etc. Até hoje, nada e, pelo que sei, em Lisboa o rio Tejo continua calmo  e sereno, a banhar o cais das colunas.

Uma chatice!
Ironias à partem, quem tem uma ideia mais sólida destes assuntos, facilmente conclui que o que derreteu foi uma camada superficial em 97% da superfície,  como acontece sempre na estação quente. Este ano, se calhar um pouco mais.
Esse é o facto.
Mas a percepção da generalidade das pessoas, induzida pelo modo como o facto foi comunicado, com imagens elaboradas e tudo, é que 97% do gelo da Gronelândia, derreteu.
Uns dirão que os jornalistas são burros, outros dirão que são activistas.
Eu penso que uns sabem tanto disto como de renda de bilros e que se limitam a cozinhar a notícia do modo mais sensacional possível, dizendo que o homem mordeu efectivamente o cão. Se não fosse assim, o facto existiria, mas não a notícia.
Outros, uma minoria, são de facto activistas em missão e tratam de usar jogos de palavras para moldar a notícia aos seus desígnios.
E conseguiram.
O que fica, para a generalidade das pessoas que dedicam ao assunto uns segundos de atenção, é que a Gronelândia está praticamente sem gelo que nós somos os culpados.
E, sendo culpados, estaremos mentalmente disponíveis para exorcizar a culpa, pagando mais umas taxas em acto de contrição.
A culpa é algo muito poderoso, que o digam as religiões, tanto as sagradas como as profanas.
E esta nova religião do planeta é imbatível, na questão da culpa.