segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O povo e a barricada

No Combustões:

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Algumas dezenas de milhares de portugueses saíram ontem às ruas. Tanto importa que fossem 10.000 como 100.000 ou dois milhões. Não tinham razão, pois foram cúmplices. O que ontem aconteceu foi o protesto da dita "classe média", a mesma que votou sempre pela "vida confortável", que aplaudiu Cavaco, Guterres, Ferro Rodrigues e as fantasias sem pensar nas consequências. Essas pessoas têm dores, passam por sofrimentos, angústias e até desespero, mas não é o povo. O povo, na acepção sociológica de classe de baixos rendimentos - isto é, o salário mínimo - nunca saiu à rua. Tem vivido do banco alimentar e da caridade das ONG's, de associações católicas e até da Jerónimo Martins, tão atacada por todos, mas que garante 60% do total de contribuições que assistem as vítimas da fome.
 
Ontem, cantaram a Vila Morena e o Povo Unido Jamais Será Vencido. Sei que custa perder o sentido da vida e os mitos, mas há que abrir os olhos e ter um mínimo de lucidez. Afinal, não se ouviu uma ideia. Não têm qualquer ideia de como sair da situação. O governo tem feito o que se deveria ter feito há vinte ou trinta anos. Mas não, ninguém quis saber. Queriam "viver bem", queriam ser "europeus". Isso acabou. A crise pode ser boa conselheira. O governo que comece a pensar num plano de resgate económico, não se atenha às finanças e dê exemplo, começando por atacar os vergonhosos privilégios da matulagem que vive do sistema. A "classe média" que pense, mas proponha saídas. Afinal, com tanto "intelectual" e tanto "quadro", só se limitam a pedir direitos. Os direitos estão na lei, mas mais importante que os direitos de cidadania são os deveres, que estão na ética. É só!

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