segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Perplexidades

Se há coisas do camandro, há coisas do catano.

O Tribunal Constitucional considerou inconstitucional o corte de subsídios aos dependentes do estado por haver falta de igualdade em relação aos demais trabalhadores.

Hoje parece aceitar-se como razoável que se venha a cortar o subsídio de Natal a todos ....

Mas, então, para haver igualdade, deveria ser a respectiva entidade patronal nos dois casos a ficar com o subsídio: no estado, o estado ... no privado a entidade patronal. Será esta "igualdade" constitucional ou será mais inconstitucional que a anteriormente chumbada? Na chumbada, o estado não pagava aos seus e ficava com o graveto. Na nova, não paga aos seus e fica ainda com o graveto da parte de quem lhe não diz respeito.

Como é? Se o estado, não pagando aos seus reduz a sua despesa aliviando o contribuinte, arrecadando do bolso do contribuinte privado (o funcionário público é contribuinte fictício) faz com que tudo fique na mesma!

2 comentários:

alf disse...

humm... creio que não é por haver desigualdade em relação ao demais trabalahdores mas em relação às demais pessoas.. O Estado quer cortar despesas? denuncia os contratos de trabalho mas também os outros, corta os subsídios aos seus empregados mas também os outros subsídios - as rendas de energia, das ppp, etc...; tb pode devolver os submarinos, dado que já se provou que foi uma aquisição fraudulenta e que os ditos vêm despojados das altas especificações que os tornam armas de guerra; quer aumentar as receitas? vai buscar a todos, não só aos empregados. Vai buscar sobretudo a quem tem mais.

Os indicadores de consumo mostram que os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres; é esta maneira de distribuir os sacrifícios que o TC condenou. Ainda por cima porque quem não é tolo sabe bem o que está em cima da mesa: pôr o povão a pagar os lucros especulativos dos últimos 20 anos... não hão-de ser os que têm vindo a enriquecer a 20 ou 50% ao ano que vão ficar com o rebentar da bolha na mão, não é?

Manuel Graça disse...

Caro Alf,

O estado não é dono do país. O estado tem que resolver o seu problema sem arranjar problemas a quem já os têm por andar com o estado às costas.

No limite, o estado poderá cortar os subsídios a toda a gente mas as empresas poderiam (se tivessem com quê) subir os salários aos privados e o estado nada poderia fazer.

Entretanto, o estado não pode cortar as rendas porque nelas estão envolvidas instituições internacionais que não são responsáveis pelas decisões apalermadas dos portugueses. Era bom que pudesse mas não pode. Levaria de imediato uma martelada de que levaria décadas a endireitar-se. Seria considerado um estado estalinista como a Coreia do Norte.

As aquisições em causa foram fraudulentas para o contribuinte mas não para o vendedor. Se o caro comprar Ferraris e depois descobrir que não tem estadas para eles não pode dizer que a culpa é do fabricante dos carros.

"Vai buscar sobretudo a quem tem mais."

Em Portugal, ricos, são menos de 5. Para a semana serão 3, daqui a um mês estaremos a comer os nossos dedos.

"Os indicadores de consumo mostram que os ricos estão mais ricos e os pobres mais pobres;"

Nas os ricos não têm que ser tótós como insistem ser os pobres seguindo cegamente estalinistas.

Os ricos estão mais ricos mas são cada vez menos porque se vão embora. Depois de não haver ricos serão os quase ricos, depois os remediados, até ficarem os tótós comendo-se a si próprios.

"Ainda por cima porque quem não é tolo sabe bem o que está em cima da mesa: pôr o povão a pagar os lucros especulativos dos últimos 20 anos"

Não há quaisquer lucros especulativos nos últimos 20 anos. O juro desse período é baixo. O juro alto é para novos empréstimos. Basta que os dispensemos e não teremos que pagar juro.